Explorar tragédias pode destruir sua marca. Quer mesmo fazer isso?

As tragédias, a internet e você com isso

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30 nov As tragédias, a internet e você com isso

As tragédias, a internet e você, ou a sua empresa, com isso.

Terça-feira, 29 de novembro, o Brasil acorda com a triste notícia do trágico acidente aéreo que envolveu todo um time de futebol e fez 76 vítimas fatais. O time é o Chapecoense, de Chapecó-SC, que havia se destacado no último domingo quando enfrentou o Palmeiras na semifinal do Campeonato Brasileiro.

Após o ocorrido, diversas páginas de times de futebol e de outras modalidades esportivas demonstraram apoio ao clube, aos familiares e à cidade de Chapecó. Houve muita coisa bacana, fotos, hashtags e homenagens de jogadores, parceiros e fãs.

Na contramão, sites de nichos totalmente diferentes também se posicionaram, como já fizeram com outras tragédias, uns com mais clareza sobre o fato, deixando o assunto para quem fala de futebol ou de notícias em geral. Já outros, exploravam a tragédia sem muito pudor.

Caindo nesse vacilo, o Catraca Livre se tornou o centro de uma confusão criada por ele mesmo. Aproveitando-se do fato, o site de notícias começou a criar conteúdo de teor duvidoso sobre o acidente, explorando-o como se faz naqueles péssimos programas de TV.

Com chamadas espertas, assuntos desconfortáveis e muita coragem – ou falta de ética-  para “aproveitar” o momento, o Catraca acabou chamando a atenção que queria. Eles só não contaram com uma boa parcela de internautas conscientes que repudiaram a atitude, as matérias e o site.

Em pouco tempo, a página sofreu uma retaliação dos fãs, numa campanha de “deslike” que levou embora mais de 500 mil curtidas. Além disso, claro, choveu comentários negativos e a marca foi parar no trending topics do Twitter devido ao buzz negativo.

Como se não pudesse ficar pior, o Catraca Livre emitiu uma nota de esclarecimento dizendo solidarizar-se com o fato, mas também reforçando que “esta seria uma boa hora” para gerar conteúdos relacionados. Para se ter uma ideia, um desses conteúdos mostrava fotos do último dia de vida de pessoas que morreram em desastres aéreos…

Outro veículo que também enfrentou problemas pela forma que explorou o tema foi o Estadão. O jornal não só pesou a mão na quantidade de conteúdo gráfico, como foi acusado de tentar atrair mais cliques para suas publicações.

No print abaixo, a empresa reclama direitos autorais com ninguém menos que o Catraca Livre.

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Acabou que, após o acidente, as notícias oficiais dos órgãos de segurança ou da assessoria do próprio Chapecoense perderam espaço e relevância para sites de conteúdo e páginas de notícias que queriam somente o buzz  que aquela pauta poderia gerar.

Tudo isso acendeu uma discussão na internet que, inclusive, deve ter passado pela cabeça de quem trabalha com redes sociais: tragédias assim podem ser abordadas por páginas e empresas na internet?

É fato que esse tipo de conteúdo chama atenção, principalmente quando há certa comoção nacional, mas é necessário conhecer a linha tênue entre a solidariedade e o aproveitamento.

Falando especificamente deste caso, como empresa ou página de conteúdo, se você não tem nenhuma ligação direta ao futebol ou a outros esportes, está tudo certo não falar nada. Você com certeza não estará sendo melhor ou pior com isso.

O que não é o caso das páginas de esportes, jogadores, times ou que falam diariamente sobre o mundo esportivo, em que se espera algum posicionamento. Esses sim podem se preocupar em ser solidários, tratando com respeito a fatalidade ocorrida com seus colegas de profissão.

Não estamos dizendo que, se você fala de futebol, fique de luto, se não fala, fique na sua. Mas o silêncio pode ser uma boa homenagem a ser prestada num momento como esse, senão a melhor.

Bom senso sempre, tragédia não é oportunidade.

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